26/2/2013 - Sorocaba - SP

Especialista orienta sobre como escolher o sucessor em empresas familiares

da assessoria de imprensa OS2 Comunicação

“Nem sempre o melhor filho será o melhor executivo”, diz especialista

 Dos 300 maiores grupos de empresas privadas no Brasil, cerca de 287 são familiares. Apesar de não existirem estatísticas oficiais de perpetuidade de empresas familiares no Brasil, estima-se que de cada 100 empresas fundadas no país (e que prosperam), apenas 30 passam à segunda geração, 15 à terceira e 4 à quarta.

Levantamento recente revela que, entre as empresas familiares no Brasil, 66% têm planos de sucessão e acreditam que o comando permanecerá na família, mas apenas metade destas já escolheu um sucessor. O levantamento também aponta que 38% das empresas familiares não fizeram provisão para lidar com questões familiares e de negócios, com a possibilidade de morte ou incapacidade dos membros-chaves. Além disso, sete entre dez empresas não têm um plano de resolução de conflitos.

Esses dados demonstram a razão da crescente preocupação dos empresários brasileiros com as questões de organização de sua sucessão. Nas empresas que prosperam e crescem sob controle familiar, esse quadro chega a ser inevitável. Como fazer isso sem prejudicar os negócios e tampouco alimentar conflitos familiares? A resposta é simples: planejando.

O advogado Vinícius Camargo Silva dá dicas sobre como conduzir esse processo. A primeira delas é separar família, propriedade e operação. “Assuntos relacionados à empresa devem ser evitados no almoço de domingo para serem tratados na reunião de segunda”, diz o advogado, que também atua como consultor de empresas.

No moderno direito societário, a tendência é de que as empresas antecipem algumas fases da sucessão por meio de mecanismos jurídicos que asseguram os interesses do fundador da empresa e de seus herdeiros, com regras claras e definidas previamente. Posteriormente, é necessário também um processo de transição, que deve durar de oito meses a dois anos.

A criação de uma holding é uma das maneiras mais eficazes de se isolar os problemas familiares e evitar que o andamento das atividades da empresa seja prejudicado por desavenças familiares. Ela detém o capital social da empresa (ou empresas) e congrega todos os membros da família, tendo um deles como representante do grupo. Os membros da holding que não exercem o papel de representante possuem os mecanismos de fiscalização e recebem lucros proporcionais a sua participação, garantindo seu direito de propriedade.

“Nem sempre o melhor filho será o melhor executivo. Mais vale um sucessor incompetente em casa do que toda a família em dificuldades. O processo sucessório cuida obviamente dos direitos e interesses dos sucessores, mas foca especialmente na preparação destes para o desempenho da árdua tarefa de perpetuar o legado, gerando empregos, renda e desempenhando o papel e a função social da empresa”, afirma o advogado.

Vinícius alerta, ainda, que se a sucessão não for bem conduzida, os resultados podem ser desastrosos. Há risco de prejudicar o bom andamento da empresa e criar atritos decorrentes de mandos e desmandos, loteamento de funções estratégicas, nepotismo, empreguismo e outros elementos que levam ao insucesso do negócio.

“Tivemos a oportunidade de realizar trabalhos de estruturação e sucessão em empresas familiares localizadas em diversas regiões do país, mas em Sorocaba a procura sobre o tema tem sido muito intensa.”

Fonte para entrevista: Vinícius Camargo Silva, advogado, mestre em Direito pela PUC-SP, doutorando em Direito pela PUC-SP, pesquisador do governo federal na área jurídica (CNPQ 1999-2001), professor, conferencista e sócio da Camargo Silva, Dias de Souza Advogados.