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16/9/2019 - Sorocaba - SP

Evento reuniu especialistas no Jardim Botânico para debater as potencialidades do bambu




da assessoria de imprensa da Prefeitura de Sorocaba

Com o objetivo de difundir as potencialidades do uso do bambu e os avanços no conhecimento sobre esse grupo vegetal foi realizado neste sábado (14) o 1º Seminário do Bambu em Sorocaba no Jardim Botânico “Irmãos Villas-Bôas”. O encontro reuniu quase 70 pessoas, que puderam ouvir especialistas no tema e ainda prestigiar o lançamento do livro “Bambu: Características e Aplicações na Construção Civil e Arquitetura”, de autoria do Prof. Dr. Antonio L. Beraldo e do engenheiro civil Luiz Roberto Aleixo.

Realizado pela Secretaria do Meio Ambiente, Parques e Jardins (Sema), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Estado de São Paulo (Senar), Sindicato Rural de Sorocaba, Rede Paulista do Bambu (Rebasp) e Associação Brasileira do Bambu (BambuBR), o intuito do seminário foi de fomentar o desenvolvimento da produção de bambu na região, bem como das tecnologias associadas. O evento integrou a programação especial em comemoração ao Dia da Árvore (21 de setembro) e também celebrou o Dia Mundial do Bambu (18 de setembro).

O secretário do Meio Ambiente, Maurício Tavares da Mota, fez a abertura do seminário e destacou que, com o evento, o Jardim Botânico cumpre uma de suas funções que é na área de pesquisa. “Essa parceria com os institutos de botânica me deixa muito feliz porque carecemos de pesquisa. Vamos trabalhar de forma cada vez mais próxima. Agradeço a minha equipe e a todos que estão hoje aqui. Estamos de portas abertas a todos vocês”, declarou.

Também participaram do evento o secretário de Abastecimento, Agricultura e Nutrição (Seaban), Jorge Ubirajara Vieira, o presidente do Sindicato Rural de Sorocaba, Luiz Antonio Marcello, e o pesquisador Moises Medeiros Pinto, da Rebasp.

 

 

Sobre o ciclo de palestras

A primeira palestrante foi a Profª. Mª. Regina Tomoko Shirasuna, do Instituto de Botânica da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA), que falou sobre “Taxonomia de Poaceae com ênfase em bambus nativos do Brasil”. Ela tratou de informações de cunho técnico, como a classificação filogenética da Família Poaceae, a morfologia, padrões de ramificação e ciclo de vida.

Regina também falou sobre a importância econômica e ecológica  do bambu e sobre as espécies mais ameaçadas de extinção do país. Segundo ela, o Brasil tem 15,3% de todos os bambus do mundo, sendo que o bioma da Mata Atlântica detém a maior parte das espécies, com 56%. Já o Estado de São Paulo tem 26,1 % dos bambus do País.

Em seguida, o Prof. Dr. Marco A. dos Reis Pereira, coordenador do Laboratório de Experimentação com Bambu da Unesp – Bauru, falou sobre as espécies promissoras para plantios no Cerrado e sobre o projeto Bambu, que é integrado ao laboratório da Unesp. A iniciativa promove com os alunos de graduação e pós-graduação atividades em campo, desenvolvendo projetos e produtos, além de promover a divulgação da cultura do bambu. Um dos exemplos citados pelo palestrante foi uma prótese articulada de perna e pé feita de bambu por um dos alunos do projeto.

O público do seminário teve ainda a oportunidade de conferir duas palestras relacionadas ao uso alimentício do bambu: “Uso do bambu na culinária”, com a Profª. Dra. Juliana Cortez Barbosa, da Unesp Itapeva; e “Aplicações alimentícias da farinha de Bambu”, com a Profª. Drª. Maria Teresa Clerici da Unicamp.

Para finalizar o seminário, o Prof. Dr. Antonio Ludovico Beraldo, professor titular aposentado da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, falou sobre “Bambu: tratamento preservante, carvão de bambu e bambucreto” e, na sequência, lançou o livro “Bambu: Características e Aplicações na Construção Civil e Arquitetura”.

A obra pretende auxiliar na divulgação das propriedades e das aplicações do bambu, de forma a incentivar o plantio e a utilização do nobre vegetal. Nos capítulos, os autores tratam das propriedades físicas e mecânicas, características, manejo para utilização do bambu em construções, técnicas construtivas, manutenção da estrutura em bambu, entre outros assuntos.

 

Sobre o Jardim Botânico

Inaugurado em 2014, o Jardim Botânico tem como missão promover a conservação in-situ e ex-situ, e o uso sustentável das espécies vegetais, em especial aquelas que são raras ou ameaçadas e representativas da biodiversidade local e regional, por meio de pesquisa, manutenção de coleções vivas e ações educativas, bem como proporcionar a integração entre ciência, história, tradições culturais e lazer.

Além disso, o espaço ecológico tem entre seus objetivos a realização e fomento de projetos que visem a divulgação do conhecimento, conservação e uso sustentável de espécies da flora local e regional; estimular, promover e manter cursos e programas de capacitação e formação de recursos humanos em diferentes campos de atuação, priorizando as questões relacionadas à flora, bem como promover o intercâmbio de conhecimentos, informações e pesquisas.

Em março deste ano, o Botânico ganhou uma coleção viva de exemplares de bambus, com 59 espécies nativas e exóticas importantes, que ficam numa área pública do bairro Quintais do Imperador.

O Jardim Botânico está localizado na rua Miguel Montoro Lozano, 340, no Jardim Dois Corações. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (15) 3235.1130.

 

Sobre o Bambu 

Há milênios, o bambu é conhecido e utilizado no Oriente para as mais diversas funções: alimento, estruturas de casas, paredes, telhas, portas e janelas, mobiliário, utensílios de cozinha, objetos de decoração, cercas, pontes, irrigação, drenos, embarcações, contenção de encostas, entre outras.

Na América, sítios arqueológicos mostram que o bambu é usado há cerca de 5 mil anos. Em países como Equador, Colômbia e Costa Rica, onde a pesquisa e a utilização do bambu já estão bastante avançadas, essa planta é empregada na construção de pontes, paradas de ônibus, praças de pedágio e em programas governamentais de habitações de interesse social adaptada as mudanças climáticas.

No Brasil, embora existam mais de 250 espécies nativas, muitas delas endêmicas, e mais de 100 espécies exóticas introduzidas, as atividades econômicas relacionadas ao bambu são ainda muito restritas. Esse cenário deve-se a pouca tradição no emprego do bambu como matéria-prima e, também, às lacunas de conhecimento e tecnologias locais que permitam usar tanto as espécies de clima temperado, quanto as espécies tropicais nativas com grande potencial comercial.

 



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