24/6/2015 - Sorocaba - SP
da assessoria de imprensa da prefeitura de Sorocaba
A Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria da Saúde (SES), cumpriu nesta terça-feira mais uma etapa do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado com o Estado e a União junto ao Ministério Público, como parte do processo de desinstitucionalização de pacientes de saúde mental atendidos no Município. Todos os 77 assistidos no Instituto Psiquiátrico “Prof. André Teixeira Lima” foram transferidos provisoriamente para o Hospital Vera Cruz, também em Sorocaba.
A ação teve início às 8h e todo o processo, incluindo a ambientação dos pacientes no novo endereço, foi concluída no início da tarde, acompanhado pela equipe de Saúde Mental da SES. Os pacientes foram recepcionados com um segundo café da manhã, puderam escolher seus companheiros de quartos e foram devidamente acomodados.
Ao todo, 51 homens e 26 mulheres foram transferidos e, para facilitar o deslocamento, cada paciente foi identificado com um crachá contendo o nome. A grande maioria dos pertences foi enviada anteriormente, assim como todos os prontuários médicos. Três ônibus foram fornecidos pela Administração Municipal para fazer o transporte e, durante todo o trajeto, os pacientes tiveram acompanhamento de equipes multidisciplinares, incluindo terapeutas, psiquiatras, assistentes sociais e psicólogos.
A coordenadora de Saúde Mental do município, Mirsa Elisabeth Dellosi, classificou que o processo de transferência ocorreu de forma “tranquila, bem organizada pelas equipes dos dois hospitais e da Prefeitura, e não houve intercorrências”. Segundo ela, qualquer mudança é impactante e a transferência foi feita sem alarde de modo a causar o menor trauma possível e a garantir a integridade de cada paciente.
Saudades e perfil
Auxiliar de cozinha no “Teixeira Lima” há treze anos, Maria Aparecida dos Santos, 60 anos, não resistiu à emoção de ver seus “filhos” – como fez questão de chamá-los – partirem para um novo endereço. “São pessoas maravilhosas, com quem eu aprendi muita coisa. Sempre foram muito bem tratados aqui. Vai comprar briga comigo quem falar coisa diferente disso”, disse a funcionária, em meio às lágrimas e abraços de adeus, cujos agradecimentos eram retribuídos por muitos dos pacientes. “Recebemos autorização e faço questão de ir visitá-los”, complementa a auxiliar de cozinha Maria das Dores, 49 anos.
Diretor clínico do Hospital Teixeira Lima, o psiquiatra Dirceu Albuquerque Doretto comentou que 50% dos pacientes transferidos apresentam quadro de esquizofrenia, outros 20% retardamento mental e 30% do total apresentam outras psicoses. O médico destacou que a maioria desses pacientes é oriunda de cidades da região, não tem familiares ou está distanciada deles. “Há pacientes que viveram aqui durante quase 25 anos. Estamos preparando essa transferência há seis meses”, frisou o médico.
Desde outubro, o Hospital Teixeira Lima não tem recebido novos pacientes. Em meados de 1970, o local chegou a abrigar 291 internos. O médico confirmou que o prédio foi vendido e que é cogitada a possibilidade de construção de prédios residenciais ou uma escola no local. O contrato da Prefeitura com o Hospital venceu nesta segunda-feira (22) e o TAC estabelecia a desocupação da unidade até esta terça-feira (23). Todos os 81 funcionários cumprem aviso prévio de demissão.
No “Vera Cruz”
Duas alas específicas foram reservadas no Hospital Vera Cruz para receber os pacientes do Hospital Teixeira Lima – uma para pacientes do sexo masculino e outra para o feminino. “A ideia de agrupá-los serve para favorecer a adaptação deles, pois chegam numa nova casa e encontram rostos familiares, se reconhecem e o transtorno é menor”, menciona Mirsa.
O Hospital Vera Cruz, que é administrado pelo Instituto Moriah e mantido pela Prefeitura de Sorocaba, passa a contar com 509 internos e ampliou o quadro de funcionários de forma a assegurar atendimento qualificado a todos os pacientes. Para facilitar esse processo de ambientação, parte dos funcionários do “Teixeira Lima” foi contratada para atuar no “Vera Cruz”. “Esses novos pacientes continuarão, inclusive, sob os cuidados do médico Dirceu Doretto”, revela o diretor do Hospital Vera Cruz, Reginaldo de Oliveira Giraud.
Segundo a coordenadora de Saúde Mental da Prefeitura, a centralização dos atendidos num único polo favorece o tratamento, o processo de alta médica e o posterior encaminhamento para residências terapêuticas (RTs), conforme surgimento de vagas. “A grande maioria desses pacientes não têm transtornos nervosos graves e podem, no futuro, ocupar uma residência terapêutica, desde que recebam acompanhamento de cuidadores”, comenta Mirsa.
Raps
O TAC prevê ações de desinstitucionalização dos pacientes internados em leitos psiquiátricos no Município com prazo até o final de 2015, o qual está sendo revisto por mais um ano, ou seja, deve se estender até o final de 2016. Para tanto, Sorocaba tem realizado entre, outras ações, a constituição de uma sólida Rede de Atenção Psicossocial (Raps) composta por pontos de atenção integrados em uma rede articulada, complexa, intersetorial e multiprofissional.
São componentes da Raps, as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), as equipes de consultório na rua, as unidades de acolhimento, os Centro de Atenção Psicossocial (Caps), os serviços Residenciais Terapêuticos (RTs), os leitos de retaguarda hospitalar, entre outros.
Para Sorocaba, conforme prevê o TAC, a Raps está sendo constituída por CAPS tipo III, com funcionamento 24 horas. Nesta configuração estão previstos para Sorocaba: 03 Caps I (infantil), 03 Caps AD III e 03 Caps III, divididos para as regiões em saúde do município (Leste, Oeste e Norte). Sorocaba tem atualmente 26 Residências Terapêuticas (RTs) em funcionamento e viabiliza a abertura de mais unidades.
Conforme Mirsa Elisabeth Dellosi, esta transição se faz necessária para que os pacientes atendidos na área deem continuidade aos seus tratamentos, bem como fique garantido o acesso de casos novos a essa rede. Assim, não haverá prejuízo aos usuários, que são direcionados gradualmente para as novas instalações. “A Administração Municipal cumpre seu papel no processo de desinstitucionalização e as ações estão sendo feitas de forma a cumprir em tempo o que foi estabelecido via TAC”, finaliza a coordenadora de Saúde Mental do município.
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