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19/3/2013 - Sorocaba - SP

Projeto leva atividades pedagógicas a crianças em hospital




da assessoria de imprensa da Prefeitura de Sorocaba

Todos os dias a professora Edilaine acorda cedo, se alimenta, pega o material da aula que preparou na noite anterior e vai para

 o trabalho. Uma cena bem comum, se ela não fosse para um hospital. É isso mesmo! A escola em que Edilaine e a colega Lucimeire trabalham, funciona dentro do Hospital do Câncer Infantil de Sorocaba (Gpaci).

Por meio do projeto "Classe Hospitalar", implantado no início deste ano pela Secretaria municipal da Educação (Sedu), as professoras atendem cerca de 90 crianças e adolescentes de Sorocaba e região. Além de ensinar, de se emocionar com cada avanço dos alunos, as especialistas em educação inclusiva, levam uma nova lição, a cada final de tarde que retornam para casa.

Nesta sexta-feira (15), a secretária da Educação, Dulcina Guimarães Rolim foi conferir de perto o trabalho desenvolvido pelas professoras da rede municipal de ensino. "A educação é um direito de todos. É importante que essas crianças não tenham de interromper o aprendizado enquanto passam por esse momento delicado", afirma a secretária.

Edilaine Dias Rehder e Lucimeire Tomé executam o projeto desde o dia 1° de fevereiro, beneficiando crianças e adolescentes de 3 a 18 anos (internadas ou em tratamento temporário) no Gpaci. A proposta de educação pedagógica tem como objetivo a continuidade da escolarização para crianças em idade escolar que, por conta da enfermidade, necessitam se afastar da escola, gerando atrasos no aprendizado e, às vezes, até o abandono.

Míriam Rosa Torres de Camargo, do Centro de Referência em Educação (CRE), responsável pela Sala de Recurso Multifuncional e da Classe Hospitalar, revela que o primeiro passo foi a parceria com o hospital, conversar com os pais, que prontamente aceitaram a ideia. Foram coletados os dados relacionados ao histórico escolar de cada aluno, para que o trabalho resultasse na qualidade que se espera. Parte dos alunos é de Sorocaba, mas a maioria vem de cidades vizinhas.

Este é o caso de Tatiane Joice de Oliveira, de 17 anos, de São Miguel Arcanjo. Estudante do 3° ano do Ensino Médio de uma escola rural, por conta do tratamento da leucemia, que a obriga a vir praticamente todos os dias a Sorocaba, perdeu o ano escolar de 2012. "Estou feliz que tenha esse atendimento aqui, é muito bom. Se não tivesse, iria perder mais um ano e isso me prejudicaria muito", conta a jovem abrindo um largo sorriso.

Aluno da EE "Sarah Salvestro", do bairro Vitória Regia, Sorocaba, Elizeu de 9 anos, não vai deixar de aprender por conta do tratamento que tem de fazer no Gpaci. Situação bem diferente da vivida por Laís, também de 9 anos, que vem de Ibiúna. Ela nunca pode frequentar a escola e a atividade que mais lhe agrada é brincar no computador. "Estamos trabalhando na alfabetização dela. É demorado, gradativo, mas já está respondendo bem ao alfabeto móvel", conta a professora Edilaine, sem esconder as lágrimas de tamanha emoção.

Apoiada na cama, com a mão direita envolta pelos fios de um dos aparelhos do tratamento, a pequena Lavínia, de 3 anos, ainda encontra forças para receber a professora Edilaine com um sorriso. "Ela não frequentou creche e nem pré-escola, mas estudar era o seu sonho. E leva tão a sério, que exigiu que comprasse caderno, livros, lápis de cor e uma mochila", revela Karen Luana Costa, que vem de Angatuba acompanhar a filha.

O interesse, a dedicação com que as crianças encaram as tarefas escolares chegam a impressionar as professoras. Algumas, como Lavínia, são destras, mas por conta do tratamento devem ficar com a mão direita imobilizada durante esse procedimento. "Chega a emocionar vê-las se esforçando para fazer as tarefas, recortar papel, com a mão esquerda", conta Lucimeire.

A Classe Hospitalar é vinculada à EM "Getúlio Vargas" e as professoras recebem capacitação contínua do CRE, da Prefeitura de Sorocaba. Uma vez por semana, esse trabalho é reforçado por cinco professores especialistas, que integram o grupo de apoio do CRE. As tarefas são propostas pelos professores do ensino regular da escola em que cada aluno está matriculado, focando o conteúdo correspondente ao ano/série.

Em todos os atendimentos, os professores além de auxilar o aluno individualmente, utilizam recursos que tornam o processo de aprendizagem, bem mais interessante e divertido, como: internet, jogos e materiais pedagógicos variados, alfabeto móvel, entre outros. O que aprendem no projeto é válido para o currículo escolar do aluno e se houver necessidade, as tarefas são adaptadas às necessidades e condições de cada um.

Além de motivar a criança, as atividades pedagógicas acabam contribuindo para melhor resposta ao tratamento a que está sendo submetida. As atividades, as tarefas aplicadas pelos professores, ocupam a atenção das crianças enquanto recebem o atendimento. Um diferencial, que estimula ainda mais o aluno é que, o atendimento escolar acontece com a criança tem sempre um membro da família ao lado.

As mudanças no comportamento das crianças, na evolução ao tratamento, são apontadas pelos professores e também pelos próprios pais. Crianças que antes relutavam em ir ao hospital, agora pedem aos pais que as levem. Mesmo os pequenos pacientes, que ainda não têm idade para o projeto, chegam a pedir aos professores, que também querem estudar.

Conforme adiantou a secretária Dulcina Guimarães Rolim, em função do sucesso do projeto desenvolvido no Gpaci, está em estudos a ampliação para abranger outros hospitais públicos de Sorocaba. "Já temos um atendimento diferenciado feito em 22 escolas municipais, por meio das Salas de Recursos Multifuncionais, que ajudam muito na inclusão de alunos. Esse é o trabalho que queremos do Centro de Referência em Educação", conclui.

Na visita, Dulcina foi acompanhada pelo presidente do Gpaci, Carlos Camargo Costa, além da assessora da Sedu, Sula Medeiros e educadores especialistas do CRE, Cesar Zago e Luis Fabio Santos.



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