22/8/2014 - Sorocaba - SP
Cruzeiro do Sul
O resultado da criação de empregos com carteira assinada de julho, em Sorocaba, só não foi pior que o registrado no mesmo mês de 2009, quando o Brasil foi afetado pela crise econômica mundial. O saldo de admissões e demissões foi de 66 empregos a mais, a partir de 9.437 contratações e 9.374 desligamentos. Em julho de 2013, haviam sido gerados 715 postos de trabalho na cidade, enquanto no mês do ano anterior o saldo tinha sido de 1.322 novos empregados. Os dados do último mês são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), divulgados ontem.
O desempenho de julho, no entanto, é de recuperação em face do saldo negativo de junho, quando houve 635 demissões a mais que as admissões, aponta os números do Caged. O setor de serviços impediu que houvesse número negativo no último mês, com a criação de 209 novos postos de trabalho. Puxaram a geração de emprego para baixo, o comércio, com a eliminação de 133 vagas; a construção civil, com a demissão de 47 trabalhadores; e, em seguida, a indústria, com 29 postos de emprego a menos.
No acumulado de janeiro a julho de 2014, o saldo é positivo, com 2.857 novos postos de trabalho com carteira assinada em Sorocaba. O setor que mais contratou foi serviços: 2.641 carteiras assinadas a mais. Em seguida, aparece a indústria, com número positivo de 1.305 trabalhadores contratados no período. O comércio, por outro lado, acumula 979 demissões na cidade, enquanto o setor da construção civil eliminou outras 202 vagas.
O saldo menor de criação de empregos na cidade em julho é efeito da Copa do Mundo, avalia o secretário de Desenvolvimento Econômico e Emprego de Sorocaba, Geraldo Almeida. "O comércio parou muito, por causa dos jogos e não contratou por causa disso", ressalta. Segundo ele, apenas alguns setores foram beneficiados pelo evento, como o comércio de bebidas e de TVs.
De acordo com o secretário, Sorocaba ainda vive um bom momento. Porém, ele alerta que a cidade não está isolada nem imune às influências do desaquecimento da economia brasileira. "Se continuar esse crescimento baixo, poderemos sofrer. Mas não sofremos tanto quanto outras cidades", analisa.
Ainda em relação à queda de postos de trabalho no comércio, Almeida observa que Sorocaba viveu uma boa fase com a abertura de muitas lojas e a inauguração de novos shopping centers, no ano passado. Desse modo, ele conclui, este é um momento de acerto e readequação para o setor.
Instabilidade
Na perspectiva do economista e professor da Universidade de Sorocaba (Uniso), Marcos Canhada, a tendência de crescimento é boa tanto para o setor de serviços quanto de comércio. Segundo ele, o mais preocupante é a tendência de queda na indústria, setor que mais emprega em Sorocaba. "Essas reduções do parque industrial, nós acreditamos que vão perdurar nos próximos meses", diz.
Mesmo que o cenário do emprego em Sorocaba seja de estabilidade, para o economista existe motivo para preocupação. "Tem pessoas sendo demitidas na indústria e quem não foi demitido está apreensivo. Essa apreensão, por causa dos desligamentos, contribui para queda no consumo e também em demissões no comércio", avalia Canhada.
A maior preocupação, contudo, está voltada à falta de medidas estruturantes por parte do governo federal, ele diz. "As ações macroeconômicas estão paralisadas por causa da política eleitoral. A concentração do governo está voltada para isso." Ainda que, no segundo semestre, o consumo seja animado pelo 13º salário e as festas de fim de ano, não devem ocorrer impactos significativos. "Melhoras só a partir de 2015, com novos planos, passado esse período de indecisão de política", acredita o economista.
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